Em 1990 a RTP transmitiu uma série de pequenos episódios chamada "Conversas Vadias", nas quais Agostinho da Silva respondia a questões de diversos entrevistadores (um diferente em cada programa). No programa que se segue, ele responde às questões da Maria Elisa. O Agostinho da Silva morreu em 1994. A Maria Elisa continua no activo.
No currículo de Maria Elisa incluem-se várias pérolas deprimentes, entre as quais o ter promovido um concurso televisivo chamado "os grandes portugueses", que serviu para elucidar os portugueses de que o maior português de todos os tempos foi afinal Salazar. Note-se que em simultâneo foi realizada uma sondagem que indicava, em total discordância com o resultado do concurso, que de entre a lista de finalistas os portugueses seleccionavam Dom Afonso Henriques em primeiro lugar, seguido de Camões e do Infante Dom Henrique. Por aqui se pode avaliar o carácter instrutivo do programa que tantas vezes a Maria Elisa mencionou.
O vídeo que aqui vos deixo é muito interessante pelo modo como o Agostinho da Silva põe em causa a economia competitiva, essa coisa que está no cerne da organização da nossa sociedade e também das nossas personalidades.
A Maria Elisa dizia na altura que tentava convencer desesperadamente o seu filho a ser um bom aluno, caso contrário não entraria para a universidade e teria muito menos hipóteses de arranjar um trabalho interessante. Saliente-se esta ideia, que é aliás muito vulgar nas cabeças de todos nós: estudar é importante para poder arranjar um trabalho interessante. Interessante quer dizer, acima de tudo, bem pago. Estudar é importante para arranjar dinheiro. E isso é o mais importante, claro!...
Pergunta-lhe ela então "como é que nós havemos de ajudar os nossos filhos a viver num mundo altamente competitivo se eles começarem por contestar completamente a escola e tiverem más notas?".
Ao que ele responde, a meu ver de forma exemplar "o problema está no mundo competitivo e não nos meninos. Nós o que temos é que pensar se o mundo competitivo tem que continuar assim ou se tem jeito de ser de outro modo".
No resto da entrevista podemos testemunhar o desentendimento entre alguém que tem a cabeça num quadrado e alguém que é um pouco mais livre.
Há nisto uma ideia que é muito cara e que no futuro irei desenvolver: o de que as máquinas substituem o homem, que isso cria desemprego, e que isso é bom. Não, não é só o Agostinho da Silva que está com os pirolitos avariados!...
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
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