quarta-feira, 25 de junho de 2014

Se eu fosse surdo...

...os aviões afectar-me-iam à mesma.

Este é o aspecto do sinal de um aparelho que eu tentava analisar ontem, no qual o efeito da passagem dos aviões é bem visível:






O aparelho que estava a analisar é uma balança para utilização em túnel de vento:

quinta-feira, 19 de junho de 2014

O esforço de ser simples...

A vida inteira a preparar o imprevisto
e depois isto
tudo conforme o plano...
ao desengano
no desvio pouco sadio
do vazio quotidiano.

Vai-se a ver e é mesmo assim
assim-assim...

Longe o canto do chapim
guardadas as notas no piano...
a vida a andar às voltas
num sem-fim
ano após ano.

E apesar de tudo
insisto
no querer fazer um mundo disto.

Se de tão longe vim
e fiz o meu caminho caminhando
se sou alecrim
que suporta o sol a seca e o solo mais ruim
e apesar de tudo vai medrando.

Se o meu sonho é construído em mim
sem no céu azul haver clarim
mas tão só o cheiro a avião em meio urbano,
não desisto!
de fazer desta humanidade
um o que quer que seja mais humano.
De no seio do ser rasgar enfim
um olhar mais fundo
e sem plano:
viver a vida!

Ouvir o canto do chapim,
amar o amor até ao fim,
aumentar em três as notas do piano.

awf, 10/06/2014

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Não fora o mar!...

de Fernanda de Castro:

Não fora o mar,
e eu seria feliz na minha rua,
neste primeiro andar da minha casa
a ver, de dia, o sol, de noite a lua,
calada, quieta, sem um golpe de asa.

Não fora o mar,
e seriam contados os meus passos,
tantos para viver, para morrer,
tantos os movimentos dos meus braços,
pequena angústia, pequeno prazer.

Não fora o mar,
e os seus sonhos seriam sem violência
como irisadas bolas de sabão,
efémero cristal, branca aparência,
e o resto — pingos de água em minha mão.

Não fora o mar,
e este cruel desejo de aventura
seria vaga música ao sol pôr
nem sequer brasa viva, queimadura,
pouco mais que o perfume duma flor.

Não fora o mar
e o longo apelo, o canto da sereia,
apenas ilusão, miragem,
breve canção, passo breve na areia,
desejo balbuciante de viagem.

Não fora o mar
e, resignada, em vez de olhar os astros
tudo o que é alto, inacessível, fundo,
cimos, castelos, torres, nuvens, mastros,
iria de olhos baixos pelo mundo.

Não fora o mar
e o meu canto seria flor e mel,
asa de borboleta, rouxinol,
e não rude halali, garra cruel,
Águia Real que desafia o sol.

Não fora o mar
e este potro selvagem, sem arção,
crinas ao vento, com arreio,
meu altivo, indomável coração,

Não fora o mar
e comeria à mão,
não fora o mar
e aceitaria o freio.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

O suonho dum inginheiro...

O sotaque é excelente e recomendo. As gruas por todo o lado é que...