quinta-feira, 19 de abril de 2012

CP - Modus operandi...



"... a CP desarticula os horários... e depois vem fazer estudos de procura. Claro que evidentemente depois os estudos de procura dizem que não há procura! Mas primeiro desarticula!"

Quem o diz é Armindo Abreu, presidente da câmara de Amarante, conforme se pode ouvir nas notícias das 00:00 de hoje na Antena 1: link.

Digo eu que este é o modo através do qual a CP tem encerrado linha após linha desde há décadas. Desarticula horários, pois sim, mas não apenas. Ao mesmo tempo que em todo o país se investiu fortemente, de forma pública e privada, nos automóveis e nas infraestruturas rodoviárias, a CP foi fazendo análises de custo-benefício e concluindo que era melhor fechar este apeadeiro, depois aquele, depois aquela estação, depois acabar com o comboio neste horário, depois naquele, depois fechar esta linha e aquela. Tratar de substituir e melhorar o material circulante, as linhas e as estações (agora responsabilidade da Refer) e reduzir os tempos de espera e de trajecto é algo a que a CP também é muito avessa.

Enquanto qualquer empresário investe para poder atrair clientes, a CP afasta clientes para poder desinvestir! É brilhante!

Naturalmente isto não acontece porque a CP é um oásis de iluminados do avesso. Isto acontece com a conivência de todos os que entretanto ganham com o transporte rodoviário de mercadorias e passageiros. Quem são eles? Onde estão?...

É bom nunca esquecer que o comboio tem custos económicos (a nível individual e sobretudo a nível social) e ambientais muito inferiores aos custos dos transportes rodoviários. Isso é bom para uns, mas mau para outros.


Notícias no Jornal "A Verdade" de Marco de Canavezes:

Só por curiosidade, deixo aqui uma lista (não exaustiva) de ramais e linhas cujo tráfego de passageiros (e em muitos casos também o de mercadorias) foi encerrado desde o final do século XX (a maior concentração de encerramentos ocorreu no final da década de 80 e início da década de 90, era primeiro ministro o actual presidente Cavaco Silva):

ramal de Matosinhos, entre as pedreiras de São Gens e o porto de Leixões
linha do Sabor, entre Pocinho e Duas Igrejas (perto de Miranda do Douro)
linha do Dão, entre Santa Comba Dão e Viseu
troço entre Guimarães e Fafe
ramal do Montijo, entre Pinhal Novo e Montijo
ramal de Montemor, entre Torre da Gadanha e Montemor-o-Novo
troço entre Pocinho e Barca d'Alvatroço entre Valença e Monção
troço entre Évora e Estremoz
ramal de Portalegre, entre Estremoz e Portalegre
troço entre Amarante e Arco de Baúlhe
ramal de Vila Viçosa, entre Estremoz e Vila Viçosa
troço entre Vila Real e Chaves, na linha do Corgo
troço entre Carvalhais e Bragança, na linha do Tua
ramal de Aljustrel, de Castro Verde - Almodôvar a Aljustrel
ramal de Cáceres, de Torre das Vargens a Cáceres
ramal da Figueira da Foz (ou de Cantanhede), entre Figueira da Foz e Pampilhosa
ramal do Seixal (ou de Cacilhas), entre Barreiro e Seixal
ramal de Ermesinde, entre Ermesinde e São Gemil
ramal de Famalicão, entre Póvoa de Varzim e Famalicão
troço entre Castêlo da Maia e Trofa, na linha de Guimarães
ramal da Lousã, entre Coimbra e Serpins
ramal do Lidador (ou linha de Leixões), entre Leixões e São Gemil
ramal de Mora (ou de Ponte de Sor), entre Évora e Mora
ramal de Moura, entre Beja e Moura
ramal de Reguengos, entre Évora e Reguengos de Monsaraz
ramal de Sines, entre Ermidas-Sado e Sines
ligação entre Praias do Sado A e a linha do Sul (exclui Setúbal da linha do Sul)
linha de Vendas Novas, entre Setil e Vendas Novas
troço entre Beja e Funcheira, na linha do Alentejo
ligação entre Barca d'Alva e Salamanca, por decisão do governo espanhol
troço entre Covilhã e Guarda, na linha da Beira Baixa
linha do Leste, entre Abrantes e Elvas
linha do Corgo, entre Régua e Vila Real
linha do Vouga, entre Sernada do Vouga e Viseu
troço entre Tua e Cachão
Numa imagem (a verde os troços que foram desactivados):

Vários ramais e linhas ainda se encontram em vias de extinção. Teremos oportunidade de continuar a assistir ao modus operandi da CP...

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