quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Je suis les liens que je tisse...

L'autre, femme ou homme, de la même espèce que moi,
et pourtant différent, comment le regarder?
Comment me comporter face à lui? Si je vois en lui un ennemi qui me menace, qui me fait peur,
je ne songe qu'à me défendre contre lui, et pour mieux
me défendre, à l'attaquer. C'est cela le racisme.

Si je vois en lui un obstacle qui gêne ma progression,
je ne cherche qu'à le dépasser, à l'éliminer. C'est cela la compétition
qui transforme la vie de chacun en une suite de batailles
parfois gagnées, en guerre toujours perdue.

Pour être réaliste, je dois voir en l'autre une source qui contribuera
à ma propre construction. Car je suis les liens que je tisse;
me priver d'échanges c'est m'appauvrir.
Le comprendre c'est participer à l'Humanitude.

(Prefácio do livro "La cour couleurs", por Albert Jacquard. Com um obrigado ao António Manuel que me conduziu até isto.)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Brincadeiras muito nossas...

Hoje saí tarde para o trabalho... Uma hora e um minuto antes daquele mostrador ficar repleto de pauzinhos. 10 pauzinhos, ao todo: ||:|| ||.||.||.

Sem dúvida algo que nos deve transmitir uma sensação de... de... de quê?... Oh!...

Nós, seres humanos, inventamos este sistema de referência. E de cada vez que ele fica bonito achamos que o mundo vai acabar ou algo estranho vai acontecer... Ele há coisas!

Eu trabalho com instrumentos de medida. Tenho um aqui ao meu lado, um paquímetro. Olhem, peguei nele agora. É digital. Mede comprimento com uma resolução de 0,01 mm. Para já marca 0,00 mm. Isto, já de si, é notável! Tantos zeros!... Mas agora vou começar a deslocar a sua parte móvel... Olha, já marca 9,15 mm... e agora marca 11,11 mm!! Uau!!... O que será que vai acontecer quando ele chegar aos 111,11 mm?... Irá explodir?...

Olha, não aconteceu nada! :(

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ambiguidades evidentes... e prementes...

Hoje ao regressar a casa, senti necessidade de comprar algo num supermercado para o pequeno almoço de amanhã. À entrada do supermercado fui interceptado por uma pessoa que me pediu para lhe comprar um determinado produto.

Geralmente não cedo à chantagem emocional da esmolinha, porque quando me pedem algo eu imediatamente penso nos escroques que me chulam até ao tutano, têm muitíssimo mais do que eu, e por causa disso nem frequentam a rua ou os supermercados onde se podem deparar com estas situações.

Mas esta pessoa, o Jorge, foi tão específica no seu pedido - é uma pizza que lá está... custa um euro e noventa... sabe qual é?... eu vou lá consigo, está bem? - que eu acedi. Entrámos no supermercado, fui com ele buscar a pizza e levámo-la para o micro-ondas que lá havia. Era congelada. Demorava mais tempo a aquecer.

Eu fui reunir as coisas que queria e quando já estava pronto fui ter com o Jorge ao micro-ondas. E como aquilo continuava às voltinhas, o que, segundo ele, é o que os micro-ondas fazem, conversei com ele.

Perguntei-lhe: se houvesse trabalho, tu trabalhavas? E ele explicou-me demoradamente (a pizza às voltinhas) que se houvesse um trabalho onde ele se sentisse bem... E não foi nada vago. Referiu horários de trabalho, referiu um trabalho adequado às suas competências, referiu a possibilidade de evoluir dentro do trabalho... Não referiu a remuneração.

E eu podia ter-lhe dito: seu preguiçoso!... O que eu queres é o bem-bom!...

Mas não o fiz. Não porque me sentisse inibido de o fazer. Não o fiz porque concordei completamente com ele. É claro que ele quer o bem-bom! Também eu quero! Todos queremos!

Mas é preciso trabalhar, dir-me-ia alguém potencialmente mais sensato. Pois... ou talvez não, responderia eu um pouco mais informado. E se no mundo de hoje não é necessário que todos trabalhem, também é verdade que é necessário que pelo menos alguns trabalhem. Mas se os ganhos de produtividade nos permitem estar um pouco mais folgados, porque não termos finalmente trabalhos com menor carga horária, mais dignos, mais adequados, mais enriquecedores?

O Jorge tinha toda a razão. E não é por eu trabalhar numa coisa que não gosto e suar as estopinhas para poder pagar o meu jantar e ainda pagar o dele que me vou pôr a discutir com ele se sou eu ou ele quem tem razão. Não... Quem certamente não tem razão é quem nos mantém a ambos em situações indignas.

Mas o Jorge continuou. E disse: eu gostava da escola. E a minha mãe perguntou-me: e o que é que tu queres da escola. E eu respondi: quero saber ler e escrever. Quero saber ler e escrever...

E ficou calado, a olhar para mim, eternos segundos... E eu, a olhá-lo nos olhos, castanhos, a pensar: sim, aprender a ler e a escrever... pois claro... toda a gente... toda a gente?... toda?... bem, de facto... há muita gente que aprende a ler e a escrever e depois não lê e não escreve. Há muita gente que aprendeu a ler e a escrever e nunca chegou a saber ler ou escrever...

E o que não somos capazes de fazer, lendo e escrevendo?...

PS - Ah, o Jorge topou logo que eu sou do Porto!... :)

A quadratura do círculo, ou uma ilusão perigosa... Pormenores no discurso da dívida...

Bagão Félix, no programa "conselho superior" da Antena1, ontem...

O homem até percebe como esta coisa da dívida funciona... Agora, para ser cá dos nossos, já só lhe falta perceber que não faz sentido os credores terem mais poder que os políticos e serem mais importantes que a população inteira de países inteiros. Mas isso era se que acreditasse que ele não percebe... O maroto!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Pela anulação da dívida pública...


CADPP – Comité para a Anulação da Dívida Pública Portuguesa

À semelhança do que existe em toda a Europa, também em Portugal nasceu agora o CADPP, movimento cívico pela anulação da dívida pública. Porque não há soluções fáceis. A Dívida ou a Vida
Assina o Manifesto e participa no CADPP mandando um e-mail para gro.ppdac@otcatnoc

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O CADPP é um grupo cívico que se propõe promover e apoiar:
  • o estudo, debate e divulgação pública do processo de endividamento nacional e suas alternativas;
  • uma auditoria cidadã à dívida pública, com suspensão do pagamento da dívida;
  • a anulação imediata da dívida ilegal, ilegítima ou odiosa à face do direito nacional e internacional (com salvaguarda dos pequenos investidores individuais);
  • a eliminação dos factores de endividamento nacional;
  • a solidariedade e a coordenação de esforços com movimentos e grupos afins dentro e fora do país.
Vivemos uma época de profunda crise económica e financeira; uma época de endividamento público em espiral e aparentemente insolúvel; uma época de desmantelamento do Estado social, do Estado de direito, dos mais elementares valores humanistas e humanitários, com sonegação dos direitos e princípios fundamentais subscritos há mais de 5 décadas pela maioria da comunidade internacional.
A urgência de encontrar soluções para a crise da dívida é directamente proporcional ao crescimento da miséria, do abandono e da aflição das populações.
O primeiro passo a dar para a solução da crise deverá ser, no nosso entender, a realização duma auditoria cidadã, acompanhada de suspensão do pagamento da dívida pública e seguida da sua anulação.

O significado de auditoria cidadã

Sabemos, graças às insistentes declarações dos poderes instituídos, que todas as dívidas públicas são contraídas em nome das populações. Compete à auditoria cidadã verificar se essas dívidas revertem em benefício da população em geral. Se assim não for, a dívida é ilegítima – pela mais elementar justiça, não pode caber ao cidadão comum o reembolso de dívidas alheias, contraídas em benefício de interesses particulares.
A auditoria cidadã deve investigar a parte odiosa, ilegal ou ilegítima do endividamento, a qual merece repúdio automático segundo as leis da comunidade internacional. As entidades responsáveis por esses crimes, sejam elas individuais ou colectivas, devem ser postas perante a justiça.
Cabe também à auditoria cidadã tornar este processo transparente e de fácil compreensão. Tudo é pago do bolso dos trabalhadores duma forma chã e imediata; assiste-lhes o direito de conhecerem duma forma igualmente chã e imediata a razão (ou a falta de razão) dos pagamentos e sacrifícios que lhes são exigidos.
Por isso a auditoria cidadã deve ser feita por cidadãos comuns e movimentos cívicos – isto é, pelas pessoas directamente interessadas, aquelas que pagam o grosso da dívida. Cabe aos grupos cívicos como o CADPP, aos especialistas e aos meios académicos fornecerem o apoio técnico necessário – mas a dinâmica da auditoria deve provir do envolvimento directo dos cidadãos, organizados em movimentos cívicos autónomos. Doutra forma o processo de auditoria cidadã fracassará, acabando por servir um fim particular, seja ele pessoal ou político.
Finalmente, é preciso deixar bem claro que a auditoria cidadã não é um fim em si mesma. Não se trata de acertar contas de merceeiro, mas sim de esclarecer um processo de endividamento de duvidosos contornos. A auditoria é apenas um pequeno passo transitório, num longo percurso que visa o esclarecimento, o bem-estar das populações, e o fim de todos os processos de endividamento público.

A necessidade da suspensão imediata do pagamento da dívida

Não faria sentido pôr em causa uma dívida e ainda assim efectuar o seu pagamento, antes de se esclarecer a sua origem e as suas parcelas. Como medida de bom senso elementar, advogamos a suspensão imediata da dívida para que se inicie um processo de auditoria cidadã.
No restaurante, no banco ou no país, ninguém assina de cruz um cheque para pagar uma dívida da qual desconhece o valor, a origem, o processo de formação e até o nome do credor.

O significado da anulação

O repúdio unilateral da dívida resulta imediatamente dos actos de endividamento odiosos, ilegais ou ilegítimos à face das leis nacionais e internacionais.
Mas, para além da ilegitimidade estritamente jurídica, há que denunciar a ilegitimidade política duma dívida que resulta da instrumentalização do Estado a favor de interesses privados, com recapitalização da banca privada à custa dos contribuintes e transferência sistemática de todos os recursos públicos para o sector privado.
O repúdio dessas parcelas será inútil se, a seguir a esta crise da dívida, outra vier, e assim sucessivamente. A anulação da dívida tem de visar mais longe; tem de dar um passo no sentido da procura de alternativas (económicas, financeiras, políticas) que ponham cobro, de uma vez por todas, à fonte e aos processos de endividamento.
A auditoria cidadã e a anulação da dívida não vivem isoladas – cruzam-se com questões como a soberania alimentar, a economia alternativa, a finança ética, a independência química e farmacêutica, as energias renováveis, o fim do estatuto independente ou privado dos bancos centrais, o controle colectivo das instituições financeiras, etc. O CADPP propõe-se reflectir e agir em sintonia com os movimentos e organizações sociais que intervêm nesses campos da sociedade, a fim de colectivamente encontrarmos formas de estancar os mecanismos de endividamento permanente.
O processo de anulação e repúdio da dívida pública deve no entanto salvaguardar os interesses dos pequenos investidores; muitos deles são trabalhadores que investiram as poupanças de uma vida inteira de trabalho, não tendo responsabilidade directa na espiral de endividamento – seria injusto castigar esses investidores isolados pelas manobras promovidas pelos grandes interesses financeiros.

Princípios e metas

A luta contra a espiral infernal do endividamento perder-se-á pelo caminho se não usar como bússola princípios gerais mais vastos que o problema estritamente financeiro e contabilístico da dívida.
Esses princípios são a justiça social, a igualdade, a autodeterminação e soberania dos povos, a solidariedade e a cooperação internacionais, a paz e o respeito pela natureza, a subordinação dos interesses económico privados aos interesses gerais das populações. Estes princípios têm de ser inabaláveis e estruturantes em todas as acções e propostas de alternativa ao endividamento; não admitem excepção nem suspensão. Na verdade, o défice nacional assenta em grande parte num défice democrático e de justiça.
Vemos frequentemente comentadores e organizações de activistas darem-se por vencidos, declarando inevitável a dívida e o seu pagamento, propondo a sua reestruturação ou renegociação, por não encontrarem saídas alternativas no quadro limitado duma visão economicista (isto é, uma ideologia que reduz todos os interesses sociais e políticos à dimensão económica dos factos sociais). A crise da dívida pode ser vencida em favor do bem-estar e do desenvolvimento das pessoas, e não dos interesses económicos; assim o demonstra a história recente de alguns povos que optaram por não pagar dívidas ilegítimas e que rasgaram o «cartão de crédito do Estado», pondo fim à espiral de endividamento, sem por isso caírem no caos, na bancarrota ou na miséria.

Enquadramento internacional

Várias organizações doutros países combatem o problema da dívida. Sendo certo que a crise da dívida envolve uma teia financeira internacional, procuraremos manter relações estreitas com essas organizações irmãs noutros países, como por exemplo o CADTM, com especial destaque para os países da Periferia europeia.
Lisboa, 1 de Novembro de 2011.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

The positive thinking will not change things for the better...

True knowledge will.

(Tinha aqui um vídeo que entretanto ficou indisponível. Portanto substituí-o por dois outros vídeos, cuja mensagem é semelhante, e cuja pertinência continua a ser imensa.)




quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Cooperativas de poupança e empréstimo sem juros...

Precisava de mais tempo...

(a partir da varanda da casa da Susana, em 3c)

Suite 605...

Ou: abra os olhos, por favor! Quem é que sempre apoiou estas coisas? Porquê?...