segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O que todos querem é dinheiro...

Agora relacionem lá isto com o artigo anterior... O macaco nu no seu melhor. E ademais toda a gente compreende bem este discurso. Disso não tenho dúvidas. Só não conseguem é ver as ligações entre as coisas...

Miguel Gonçalves - Prós e Contras (20-06-2011)

sábado, 27 de agosto de 2011

Eu não sou rico!...

Américo Amorim, acerca do exemplo de algumas pessoas abastadas noutros países que se disponibizaram para contribuir para o equilíbrio das contas públicas dos seus países, disse há dois ou três dias atrás "não me considero rico, sou um trabalhador".

Só por curiosidade, se o Amorim contasse já 50 anos de trabalho ininterrupto, o que não é verdade, e se a sua fortuna resultasse exclusivamente do trabalho, o que também não é verdade, ele teria de ter poupado (poupado, não é ganho!) 6.000.000 € por mês. De facto, ele não é rico, é um trabalhador...

Só por curiosidade, Belmiro de Azevedo, o nosso deus-banqueiro, nas mesmas condições teria de ter poupado 2.000.000 € por mês. Outro trabalhador, que enquanto trabalhador, não pode ser rico.

E é esta escumalha, que com tamanha fortuna e tanta coisa para ser feita neste nosso país e neste nosso mundo (meu deus! tanto por fazer!), a única coisa de que é capaz é apostar em negócios que lhe possam dar ainda mais dinheiro.

Que valores são os desta gente?
E as pessoas que idolatram gente assim, que valores são os seus?
Que valores são estes, que só vêem dinheiro à frente?
Que porra de valores são estes?...


E depois ainda vêm dizer, com ar surpreendido e chocado, que os jovens comportam-se mal porque têm uma "crise de valores"?... Mas que porra de hipocrisia é esta?...

Vergonha...

Enfim, recomendo-vos a leitura deste artigo do jornal "i", que não fui eu que escrevi, e que poderão aferir se está bem ou mal escrito.



Dona Abastança
(Manuel da Fonseca)

«A caridade é amor»
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.

Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»

Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.

O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.

Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.

Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.

Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.



Julgam que é brincadeira?... Vejam lá isto:
http://www.ehow.com/how_2272212_organize-charity-gala.html



Só Ouve o Brado da Terra
(José Afonso)

Só ouve o brado da terra
Quem dentro dela
Veio a nascer
Agora é que pinta o bago
Agora é qu'isto vai aquecer

Cala-te ó clarim da morte
Que a tua sorte
Não hei-de eu querer
Mal haja a noite assassina
E quem domina
Sem nos vencer

Cobrem-se os campos de gelo
Já não se ouve
O galo cantor
Andam os lobos à solta
Pega no teu
Cajado, pastor

Homem de costas vergadas
De unhas cravadas
Na pele a arder
É minha a tua canseira
Mas há quem queira
Ver-te sofrer

Anda ver o Deus banqueiro
Que engana à hora e que rouba ao mês
Há milhões no mundo inteiro
O galinheiro é de dois ou três

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Dos penduricalhos...

Que no fundo é mais capitalismo, mas novamente o vídeo é feito ao estilo do fast-food, e portanto não pode ser muito completo, porque correria o risco de se tornar complexo. Mas não deixa de ser mais uma peça no puzzle.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Do capitalismo e da necessidade de mudança...

Um vídeo que foi produzido no estilo que actualmente as pessoas parecem preferir: cheio de coisas a acontecer muito rapidamente para captar a atenção e bastante simplista. Mas talvez com coisas destas se consiga efectivamente fazer passar a mensagem da necessidade de mudança e de uma tomada de posição anti-capitalista.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Quando o cinto aperta...

... e as pessoas dizem "coitadinhos de nós" e se socorrem de muitas distracções para garantirem a sanidade mental própria esquecendo a dos outros, há quem nos diga que não é tempo para poesia.



Sim, eu sei: só o homem feliz
É querido. Sua voz
É ouvida com prazer. Seu rosto é belo.

A árvore aleijada no quintal
Indica o solo pobre, mas
Os passantes a maltratam por ser um aleijão
E estão certos.

Os barcos verdes e as velas alegres da baía
Eu não enxergo. De tudo
Vejo apenas a rede partida dos pescadores.
Por que falo apenas
Da camponesa de quarenta anos que anda curvada?
Os seios das meninas
São quentes como sempre.

Em minha canção uma rima
Me pareceria quase uma insolência.

Em mim lutam
O entusiasmo pela macieira que floresce
E o horror pelos discursos do pintor.
Mas apenas o segundo
Me conduz à escrivaninha.

(Brecht; poemas – 1913-1956. Trad. Paulo Cesar Souza. Brasiliense, 1986. p. 229.)