quarta-feira, 25 de abril de 2012

Murcóm de pés de gesso...


Na passada segunda-feira, no final do jogo semanal de voleibol com o pessoal do LNEC, nas instalações do parque de jogos 1ºde Maio do INATEL, ia a fazer um arranque para ir buscar uma bola que ia cair a uns metros de mim e senti algo a prender-me o pé. Pensei: quem me está a prender o pé?... Ouvi "poc" e pensei: "poc"?... o que terá sido? Senti como se tivesse levado uma pancada... Pensei: as pessoas estavam todas longe de mim, nada me poderia ter prendido o pé, devo ter sido eu mesmo... Caí ao chão. A perna ficou automaticamente em modo desligado, como se o sistema nervoso soubesse que tinha de a imobilizar. Fui lá com as mãos sentir se estava tudo no sítio, e estava. Pensei: o tendão... Fiz um tímido esforço para rodar o pé para baixo e nada. Disse aos outros: isto deve ser grave. Levantei-me, fui a saltitar na perna direita até fora do campo. Pousa o pé no chão, disseram-me. Pousei. Era um pé morto, completamente solto... e a sensação foi muito esquisita e nada agradável. Tinha uma dor difusa, na zona do tendão de Aquiles, mas não muito forte. Reforcei a ideia de que tinha sido o tendão. Comecei a pensar nisso e comecei a sentir uma quebra de tensão. Disse ao pessoal o que estava a sentir e que me ia deitar no chão.

Ali fiquei, no chão, de barriga para cima, a pensar na vida, com a perna pousada num banco, enquanto aguardava a ambulância. Quando chegaram e depois de me apalparem a zona do tendão, o que não foi muito agradável, disseram que sim, que devia ter sido um ruptura. Tala, maca, ambulância, hospital. Tarde inteira em exames, numa experiência que não foi muito positiva. Aprendi a injectar-me na barriga. Surpreendi-me com isso... julgava não ser capaz. Puseram-me gesso, disseram-me que a operação seria na quinta-feira e mandaram-me para casa. Finalmente, na sala de espera de saída, à espera da boleia do Fernando (obrigado), pude comprar numa máquina uma sandes de queijo... Eram para aí 6 da tarde, e desde o pequeno almoço que não comia nada. Passei a tarde de calções e t-shirt e estava com frio. Frio, fome, dor, xixi, saudades da mamã!... :)

O que mais me descansou foi saber que depois da operação o tendão regenera e vou poder voltar a andar normalmente. Não me preocupa se não puder fazer algumas coisas, desde que continue a poder chegar àqueles sítios nas montanhas que me fazem sentir em paz. Para já está tudo em ordem. Em geral não dói. É apenas cansativo. Sei que será muito cansativo... mais um teste de resistência, ter de passar mais de um mês sem poder trazer tranquilamente um copo de água da cozinha até ao quarto. Depois um ano de fisioterapia. Enfim, é a vida. Cantando e rindo, cá vamos nós! :)

No dia da revolução e da liberdade, deixo o meu pensamento:
a liberdade é como os frangos. E como o pai da Marlene me ensinou, tu comes dois frangos e eu não como nenhum, comemos um frango cada um! Ou seja, frangos ou liberdade, devem ambos sujeitar-se ao princípio da justiça.                                                                                                                                                  

quinta-feira, 19 de abril de 2012

CP - Modus operandi...



"... a CP desarticula os horários... e depois vem fazer estudos de procura. Claro que evidentemente depois os estudos de procura dizem que não há procura! Mas primeiro desarticula!"

Quem o diz é Armindo Abreu, presidente da câmara de Amarante, conforme se pode ouvir nas notícias das 00:00 de hoje na Antena 1: link.

Digo eu que este é o modo através do qual a CP tem encerrado linha após linha desde há décadas. Desarticula horários, pois sim, mas não apenas. Ao mesmo tempo que em todo o país se investiu fortemente, de forma pública e privada, nos automóveis e nas infraestruturas rodoviárias, a CP foi fazendo análises de custo-benefício e concluindo que era melhor fechar este apeadeiro, depois aquele, depois aquela estação, depois acabar com o comboio neste horário, depois naquele, depois fechar esta linha e aquela. Tratar de substituir e melhorar o material circulante, as linhas e as estações (agora responsabilidade da Refer) e reduzir os tempos de espera e de trajecto é algo a que a CP também é muito avessa.

Enquanto qualquer empresário investe para poder atrair clientes, a CP afasta clientes para poder desinvestir! É brilhante!

Naturalmente isto não acontece porque a CP é um oásis de iluminados do avesso. Isto acontece com a conivência de todos os que entretanto ganham com o transporte rodoviário de mercadorias e passageiros. Quem são eles? Onde estão?...

É bom nunca esquecer que o comboio tem custos económicos (a nível individual e sobretudo a nível social) e ambientais muito inferiores aos custos dos transportes rodoviários. Isso é bom para uns, mas mau para outros.


Notícias no Jornal "A Verdade" de Marco de Canavezes:

Só por curiosidade, deixo aqui uma lista (não exaustiva) de ramais e linhas cujo tráfego de passageiros (e em muitos casos também o de mercadorias) foi encerrado desde o final do século XX (a maior concentração de encerramentos ocorreu no final da década de 80 e início da década de 90, era primeiro ministro o actual presidente Cavaco Silva):

ramal de Matosinhos, entre as pedreiras de São Gens e o porto de Leixões
linha do Sabor, entre Pocinho e Duas Igrejas (perto de Miranda do Douro)
linha do Dão, entre Santa Comba Dão e Viseu
troço entre Guimarães e Fafe
ramal do Montijo, entre Pinhal Novo e Montijo
ramal de Montemor, entre Torre da Gadanha e Montemor-o-Novo
troço entre Pocinho e Barca d'Alvatroço entre Valença e Monção
troço entre Évora e Estremoz
ramal de Portalegre, entre Estremoz e Portalegre
troço entre Amarante e Arco de Baúlhe
ramal de Vila Viçosa, entre Estremoz e Vila Viçosa
troço entre Vila Real e Chaves, na linha do Corgo
troço entre Carvalhais e Bragança, na linha do Tua
ramal de Aljustrel, de Castro Verde - Almodôvar a Aljustrel
ramal de Cáceres, de Torre das Vargens a Cáceres
ramal da Figueira da Foz (ou de Cantanhede), entre Figueira da Foz e Pampilhosa
ramal do Seixal (ou de Cacilhas), entre Barreiro e Seixal
ramal de Ermesinde, entre Ermesinde e São Gemil
ramal de Famalicão, entre Póvoa de Varzim e Famalicão
troço entre Castêlo da Maia e Trofa, na linha de Guimarães
ramal da Lousã, entre Coimbra e Serpins
ramal do Lidador (ou linha de Leixões), entre Leixões e São Gemil
ramal de Mora (ou de Ponte de Sor), entre Évora e Mora
ramal de Moura, entre Beja e Moura
ramal de Reguengos, entre Évora e Reguengos de Monsaraz
ramal de Sines, entre Ermidas-Sado e Sines
ligação entre Praias do Sado A e a linha do Sul (exclui Setúbal da linha do Sul)
linha de Vendas Novas, entre Setil e Vendas Novas
troço entre Beja e Funcheira, na linha do Alentejo
ligação entre Barca d'Alva e Salamanca, por decisão do governo espanhol
troço entre Covilhã e Guarda, na linha da Beira Baixa
linha do Leste, entre Abrantes e Elvas
linha do Corgo, entre Régua e Vila Real
linha do Vouga, entre Sernada do Vouga e Viseu
troço entre Tua e Cachão
Numa imagem (a verde os troços que foram desactivados):

Vários ramais e linhas ainda se encontram em vias de extinção. Teremos oportunidade de continuar a assistir ao modus operandi da CP...