quarta-feira, 3 de junho de 2009

Não somos educados para a criatividade, mas para fora dela



Quem me enviou isto foi a Mariana Topa. O inglês, embora bom, é muito rápido, pelo que resolvi escrever aqui aquelas que penso serem as ideias fundamentais:
  • As crianças que começam a escola este ano só se reformam em 2065. Nós, nem com uma resma de especialistas conseguimos saber como será o mundo daqui a 5 anos, e supostamente estamos a educar essas crianças para prepará-las para esse futuro.
  • A criatividade é tão importante que deve ser tratada com o mesmo estatuto que a literacia.
  • As crianças arriscam, mesmo quando não sabem, porque não têm medo de errar.
  • Se não se está preparado para errar nunca se pode ser original.
  • Pela altura em que as crianças chegam à idade adulta já perderam a criatividade porque passaram a ter medo de errar.
  • Nas empresas e nos sistemas de educação nacionais os erros são o pior que pode acontecer a uma pessoa, pelo que acabamos por educar as crianças a perder essa criatividade.
  • Picasso disse que todas as crianças nascem artistas; o difícil é manterem-se artistas à medida que crescem.
  • Nós não somos educados para a criatividade, antes somos educados para fora dela.
  • Se fôssemos alienígenas e perguntássemos para que serve o sistema de ensino poderíamos dizer que serve para criar professores universitários.
  • Os nossos sistemas de educação nacionais surgiram para suprir as necessidades da industrialização. E isso implica duas coisas: as disciplinas mais úteis para o trabalho vêm em cima (e por isso as pessoas desistem de coisas de que gostam porque não 'dão' trabalho); a habilidade académica domina o conceito de inteligência, como resultado de um sistema construído à imagem dos sistemas universitários - todo o sistema de ensino é como se fosse uma grande prova de ingresso à universidade.
  • A inteligência é diversa, dinâmica e interactiva.
  • A única esperança para o futuro é adoptarmos um novo conceito de ecologia humana no qual reavaliamos e reconstituímos a concepção de riqueza das capacidades humanas.
  • Se todos os insectos desaparecessem da Terra, toda a vida na Terra acabaria em 50 anos. Se todos os seres humanos desaparecessem da Terra, todas as formas de vida floresceriam em 50 anos.
  • Nós temos de ter cuidado para usar a criatividade com sabedoria e evitar os piores cenários. A única maneira de o fazermos é vermos a riqueza que é a nossa capacidade criativa e vermos a esperança que são as nossas crianças. A nossa tarefa é a de educar todo o seu ser, de forma integral, para esse futuro. E nós podemos não ver esse futuro, mas elas verão. O nosso trabalho é ajudá-las a fazer algo com ele.
Para além da ideia da importância da criatividade, que me parece uma ideia sem assunto, uma vez que ninguém a discute, eu saliento aqui três ideias fundamentais que me parecem mais relevantes precisamente por serem menos consensuais: (1) que todos temos dentro a capacidade de sermos artistas, (2) que o medo é muito importante (pela negativa) nas nossas vidas, (3) que os nossos sistemas educativos têm por objectivo formar máquinas tão duras e frias quanto as outras máquinas, e que este modo operacional é apresentado às pessoas de tal modo que ninguém ousa pô-lo em causa ("não vás para arqueologia que acabas na caixa dum supermercado!").

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