O Produto Interno Bruto (PIB) ou seus derivados (rendimento, produto ou consumo, interno ou nacional, bruto ou líquido) é um indicador que apresenta muitas falhas quando tenta traduzir o nível de progresso ou de bem-estar de um país ou população. Entre outras críticas que se podem apontar a este indicador estão as seguintes:
- contabiliza o rendimento, isto é, o que se aufere, mas não o que se tem, isto é, o património;
- contabiliza apenas o que é declarado às autoridades e não a economia paralela (que pode ser ilegal ou legal, como a produção de bolos caseiros para dar aos netos);
- não contabiliza tudo o que acontece numa sociedade que não seja objecto de uma transacção monetária;
- não tem em conta a desigual repartição do rendimento;
- não contabiliza negativamente a depleção dos recursos naturais (internos ou externos) nem a produção de poluentes (em vez disso contabiliza-os positivamente!);
- contabiliza positivamente a produção, distribuição e consumo de bens e serviços que não contribuem para o bem-estar da população como por exemplo a venda de armas;
- não contabiliza o modo como a actividade económica afecta física e mentalmente as pessoas e fortalece ou enfraquece as relações sociais.
Diversas pessoas e organizações, ao longo de décadas, têm feito esforços no sentido de implementar outros indicadores, mais fidedignos da realidade que de facto se quer inquirir, seja ela a felicidade das pessoas ou a sustentabilidade da actividade económica (e por muito que estas duas possam estar relacionadas, são coisas muito diferentes!). Deixo aqui três sugestões de leitura:
E se se procurar por este tema na Internet encontrar-se-á certamente um manancial enorme de publicações sobre o assunto.
A questão pertinente que deve ser colocada é portanto: porquê esta insistência na utilização de um indicador como o PIB?... Deixo a questão em aberto.
Entretanto, a meu ver, nada mais simples haveria, para saber por exemplo se a população está mais ou menos feliz, que perguntar directamente a cada pessoa (ou a uma amostra delas) quão feliz se sente. A questão poderia, por exemplo, ser colocada da seguinte forma: de 0 a 10, sendo 0 profundamente infeliz e 10 profundamente feliz, quão feliz se tem sentido no último mês? É uma pergunta objectiva, que requer uma resposta subjectiva, para construir um índice subjectivo, uma vez que a felicidade das pessoas é sem dúvida uma coisa subjectiva, muito mais importante que a quantidade de bonecos que temos nas prateleiras lá em casa.
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