terça-feira, 19 de outubro de 2010

A felicidade...

Na semana passada, num contexto que para este contexto não interessa, vi escrita uma frase em inglês que dizia algo como:

"...não aprecio grandemente fazer as coisas de que mais me orgulho."

Acho que deve ser a primeira frase neste blogue que ponho assim com letra maior. Porque é mesmo para ler duas ou três vezes e matutar...

Afinal, essas coisas a que o sujeito se referia, trazem-lhe felicidade ou não? Bom, pela leitura da sua frase pode concluir-se que sim e não. E uma resposta mais completa só pode ser dada quando se compreender que quando falamos de felicidade falamos de muitas coisas que não são todas iguais. Orgulharmo-nos daquilo que fazemos é uma forma de sermos felizes. Termos prazer naquilo que fazemos é outra forma de sermos felizes.

Há duas diferenças que me parecem mais assinaláveis entre estas duas formas de nos fazermos felizes. A primeira diferença ocorre no interior do sujeito e tem a ver com a evolução das sensações ao longo do tempo. É possível ser-se incrivelmente feliz num instante, durante uma determinada actividade, e no instante seguinte entrar em depressão, logo que essa actividade acaba. Por outro lado, é possível transportar no interior sensações de bem-estar que perduram durante meses ou anos após o término da actividade que lhes deu origem.

A segunda diferença ocorre no exterior do sujeito, naquilo que eu gostaria de poder chamar de comunidade, e tem a ver com o impacto que as nossas actividades têm nos outros. Porque inevitavelmente a sensação de orgulho só pode existir por referência aos padrões individuais sobre o que é correcto e o que não é correcto fazer-se. Uma pessoa sente orgulho quando pensa e sente que fez a coisa correcta, mesmo que outra pessoa tenha uma opinião diferente sobre o assunto. E eu quero acreditar que, na generalidade, as pessoas têm opiniões razoavelmente coincidentes sobre o que está certo e o que está errado.

Aquela frase é proferida por alguém que claramente abre mão do prazer imediato, adia a recompensa, e esforça-se, com perseverança, por alcançar aquilo que pensa que é correcto.

Constitui assim, de acordo com o meu pensamento, um exemplo perfeito do melhor modo ao nosso dispor para nos sentirmos bem connosco, com os outros e com o mundo. Porque, digo eu:

a felicidade, quando existe, é o que perdura para lá dos momentos felizes.

1 comentário:

  1. significa para mim que as coisas de que mais me orgulho são as coisas que, na altura, foram as mais dificeis de conseguir.É realmente uma frase que dá para reflectir

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