E aqui vai implícita uma crítica muito forte à meritocracia e à falta de clareza que tantas vidas infecta. Vidas sem clareza, toldadas por muito bom senso. E sobre isso deixo também uma sugestão de leitura que recomendo fortemente: a morte de Ivan Ilitch, de Tolstoi. Um tratado de ética. Como sempre, a procurar na biblioteca mais próxima de si.
Disse Mark Freeman acerca desse conto:
"Tolstoy's book is about many things: the tyranny of bourgeois niceties, the terrible weak spots of the human heart, the primacy and elision of death. But more than anything, I would offer, it is about the consequences of living without meaning, that is, without a true and abiding connection to one's life."
(o negrito é meu)
Mas voltando a Brecht...
Algumas perguntas a um "homem bom"
Bom, mas para quê?
Sim, não és venal, mas o raio
Que sobre a casa cai também
Não é venal.
Nunca renegas o que disseste.
Mas que disseste?
És de boa fé, dás a tua opinião.
Que opinião?
Tens coragem.
Contra quem?
És cheio de sabedoria.
Para quem?
Não olhas aos teus interesses.
Aos de quem olhas?
És um bom amigo.
Sêlo-ás do bom povo?
Escuta pois: nós sabemos
Que és nosso inimigo.
Por isso vamos
Encostar-te ao paredão.
Mas em consideração
Dos teus méritos e das tuas boas qualidades
Escolhemos um bom paredão e vamos fuzilar-te com
Boas balas atiradas por bons fuzis e enterrar-te com
Uma boa pá debaixo da terra boa.
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
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