sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Calor...
Estico a chama no espaço
E no extremo do meu braço
Acendo o fogareiro.
Tremo tonto de cansaço...
Tanto tempo...
Conto o frio de Janeiro...
O fogo afasta o frio morto
todo em torno do meu corpo.
Mas não me dá porto, chão ou tecto,
chama que arde contrafeita
na ausência do afecto.
Temo o medo.
Meço o muro.
Metros e metros de enredo
Histórias tantas, tantos erros
enrolando e conspurcando o mundo!
Recolho-me...
Respiro-me...
E então recordo-te o regaço
o trato terno
o tenro traço
o teu rosto
o teu abraço...
Faz-me falta o teu abraço...
(O que faço?
O que desfaço?
Lá fora fecha o nevoeiro...)
Tomo-o.
Cubro-me de ti.
Aqueço-me
finalmente
inteiro.
(AWF, Angra do Heroísmo, 16 de Outubro de 2017)
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