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Eu:
(...)
(...)
Ainda estão disponíveis?
Já agora uma pergunta indiscreta: tantos livros sobre este assunto da ultrapassagem de problemas psicológicos... Resultam? Aprende-se mesmo com eles? Ajuda-se mesmo os outros com eles? Fico curioso...
Ela:
:) eu estudei psicologia, eram os meus livros da faculdade que ficaram na arrecadação, eu não exerço.
Estes não são de auto-ajuda são mais técnicos, pensei que podiam ser úteis a quem exerça ou queira exercer.E sim, a terapia ajuda, depois também depende do terapeuta, do tipo de problema, às vezes é necessário medicação, depende de algumas coisas. Agora a psicologia ainda está um pouco "verde", tem cerca de 100 anos, muito deve haver para descobrir. Há agora umas abordagens interessantes da psicologia positiva, mas estes livros são mais para quem quer ser terapeuta, tenho dado alguns a estudantes :)
Eu já dei alguns dos livros que pediste, vou colocar um X nos que já não tenho.
(...)Eu:
sobraram os livros da psique! :)
estou interessado à mesma.
onde e quando posso pegar neles? eu trabalho no lnec todos os dias até às 18, pelo que qualquer sítio em Lisboa às 18:30 deve dar. fico à espera de sugestões!
eu interesso-me por tudo o que se mexe e não se mexe. tenho curiosidade de ler o que dizem os livros. há diversas razões para ter levantado a questão que levantei. (...) a verdade é que eu gosto de acreditar que sou capaz de fazer um mundo melhor, começando por mim e, se for possível, tarefa arriscada, continuando nos outros. quanto mais não seja ajudo as pessoas ao acompanhá-las, ao ouvi-las. e pensei que talvez esses livros me pudessem ser úteis.
depois também pensei que se eles podem ser úteis para mim, talvez também possam ser úteis para as próprias pessoas que têm auto-estimas que andam pelas ruas da amargura, que têm crises profundas de ansiedade, etc etc. muitas dessas pessoas têm perfeita capacidade de ler livros de psicologia... quem sabe?... aliás, uma das várias pessoas que conheço com formação em psicologia garante-me que os psicólogos são na sua maioria apanhados da moleirinha! :) bom, a ideia é que os livros poderiam ser úteis para essas pessoas administrados directamente... ou talvez não... não sei.
finalmente, uma questão que me parece estar a tornar-se cada vez mais actual, não em mim, mas nas pessoas e no mundo que me rodeia (ou será apenas o meu ponto de vista?), é a de saber, do ponto de vista filosófico, se a ajuda é possível. eu acredito que sim. mas ao contrário das minhas crenças, parece que há cada vez mais individualismo e salve-se quem puder... tal como na economia, e na sociedade inteira em geral, as soluções colectivas são preteridas em favor das soluções individuais, as relações fragilizam-se, a solidão alastra... aliás, tenho uma data de amigos, em geral na casa dos 20, que acreditam que a felicidade se atinge precisamente na base do "who cares?" e que claramente se estão a marimbar para estas questões da ajuda, certamente a hetero...
na realidade, uma coisa que noto, e talvez até me possas dizer algo acerca disso, é que quanto pior as pessoas se sentem, mais têm tendência a fechar-se em si próprias e nos seus problemas e a esquecer que os outros que os rodeiam muitas vezes partilham os mesmos problemas. no fundo, quanto pior as pessoas se sentem, mais individualistas se tornam, o que acaba num "círculo viscoso"...
bom, desculpa esta conversa certamente inesperada num sítio onde é suposto dar e receber bens materiais.
fico à espera de uma sugestão de data e hora para ir buscar essas folhas todas.
obrigado.
Ela:
Xi alexandre, ultimamente vou a Lisboa quando o Rei faz anos, preferia que viesses a Paço de Arcos, mas vou ser sincera, acho que estes livros não vão servir os teus objectivos.
O que tu queres são livros de auto-ajuda e desses há muitos na internet, vou-te enviar um em inglês, ainda não li mas dizem que é muito bom. É a tal corrente da psicologia positiva que falei. Estes livros focam mais o que torna as pessoas felizes do que no que deixa as pessoas sem problemas. É uma diferença subtil, mas muito muito interessante....e agora não o encontro mas sei que o tenho algures, envio-te quando possa.
Os livros que tenho são muito bons livros académicos mas não para o que pretende. Tenho alguns desse género e podemos manter contacto.
Fico contente por seres uma pessoa interessada e que gosta de ajudar os outros. Muitas vezes as pessoas isolam-se porque se sentem sem valor, sentem-se envergonhadas, tristes não porque são más ou individualistas.
Compreendo bem o que queres dizer quando falas em dar o teu contributo para um mundo melhor, atitude que pessoalmente admiro muito e espero que nunca a percas.
Fica combinado que te envio o que tiver de livros de auto ajuda assim como sites onde os podes encontrar. E esses sim, podem ser administrados às pessoas directamente :) até porque as pessoas mudam comportamentos, emoções, através das novas aprendizagens, novos pontos de vista.
sobre o individualismo, não tenho grande opinião...sei que os grupos de amigos e a família, quando saudáveis são uma grande fonte de apoio e saúde emocional. E existem muitas formas de fazer amizades novas, é só preciso um pouco de imaginação, grupos com os mesmos interesses, voluntariado, viagens, exercício físico e mesmo internet, tudo boas maneiras de fazer novas amizades.
Beijinhos, espero que não fiques chateado comigo mas prefiro oferecer este tipo de livros a estudantes. Arranjo uns mais adequados a ti :) Lês espanhol, inglês?
Eu:
Xi, agora digo eu! :)
Então eu falo em problemas de individualismo e falo em ajudar os outros e tu concluis que eu preciso de livros de AUTO-ajuda? Houve aqui certamente alguma coisa que não consegui transmitir!... :)
Compreendo que prefiras oferecer os livros a estudantes. Acredito que podem tirar deles mais proveito do que eu.
Independentemente disso, e não quero ser agressivo com a crítica, não me atrai a forma como repetes na tua mensagem a ideia de que os livros não são para todos, ideia subsidiária da outra que suporta a compartimentação do saber em universos mais ou menos estanques e esotéricos e que entre outros nomes podem ser chamados de "especialidades". As pessoas que vivem dentro de um desses universos são os "especialistas". E assim, crentes no avanço da ciência, no aumento do conhecimento, no progresso tecnológico, lá vamos nós pela vida fora a cavar fossos, muitas vezes sem darmos por isso. Eu acredito que ninguém é à partida suficientemente desprovido de inteligência para não compreender os livros que para aí andam. No entanto, se acreditarmos nisso com muita força, aos poucos as pessoas acreditarão também que há coisas que não são para elas.
Finalmente, sobre a "psicologia positiva". Para que haja uma psicologia positiva é necessário que exista uma não psicologia positiva, talvez uma psicologia não positiva, ou então mesmo uma psicologia negativa. Claramente ela terá de definir-se por oposição àquilo que ela não é, como tudo o resto. E isso implica, novamente, uma compartimentação da psicologia. Eu compreendo a necessidade de fomentar aquilo que é bom (seja lá isso o que for). Compreendo também a necessidade de combater aquilo que é mau (idem). Não compreendo é que se opte por uma destas vias e se esqueça a outra. Isso seria equivalente a investirmos em muitos e bons hospitais e simultaneamente ignorarmos o tabagismo, o sedentarismo, a má alimentação, etc. Ou, alternativamente, seria equivalente a apostarmos numa boa alimentação, exercício físico e tudo o mais que possa contribuir para uma boa saúde, deixando os hospitais ao abandono.
Pois na realidade o que me preocupa, e tentei expressá-lo na mensagem anterior, é precisamente o equivalente a esta última analogia. Não creio que estas ondas de livros de auto-ajuda e de psicologia positiva estejam desligadas do individualismo e do modo de pensar "who cares" que eu critico.
Fica a reflexão.
E obviamente um obrigado pelo tempo gasto nas respostas e pela participação no freecycle.
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Estou para ver se a minha resposta vai gerar na outra parte o entendimento de que fiquei chateado porque não pude ficar com os livros!...
:)
Pois na realidade o que me preocupa, e tentei expressá-lo na mensagem anterior, é precisamente o equivalente a esta última analogia. Não creio que estas ondas de livros de auto-ajuda e de psicologia positiva estejam desligadas do individualismo e do modo de pensar "who cares" que eu critico.
Fica a reflexão.
E obviamente um obrigado pelo tempo gasto nas respostas e pela participação no freecycle.
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Estou para ver se a minha resposta vai gerar na outra parte o entendimento de que fiquei chateado porque não pude ficar com os livros!...
:)
Caramba... nestes meus longos anos no freecycle nunca tal tiva visto. Realmente á pessoas que não têem noção de nada mesmo. E tem curso de Psicologia, logo se vê porquê que não exerce. Beijinhos xx
ResponderEliminarAcredito que a proliferação de livros de auto-ajuda, mais do que a representação de uma (desejável) democratização do saber, é a tradução “psique” da “fast-food” e do “faça você mesmo” ("se eu não olhar por mim, ninguém o fará?"), à qual obviamente não é indiferente a lógica individualista instaurada nas nossas sociedades desde o advento da (outrora) nova economia de mercado.
ResponderEliminarA Respeito do individualismo, aconselho a leitura de "A Era do Vazio" de Lipovetsky (que faz (a meu ver) uma excelente descrição da emergência desta nova lógica social(existe uma versão digital deste livro, disponível na internet)
Filipa