"A vida privada das plantas", de David Attenborough, editado em português pela Gradiva (infelizmente esgotado, mas certamente presente em muitas bibliotecas), que há anos andava lá em casa dos meus pais e só agora, finalmente, consegui acabar de ler. E que maravilha de livro. Que mundo maravilhoso! E que maravilha de gente que trabalha para nos revelar essas maravilhas sem misticismos nem obscurantismos! Recomendo vivamente.
Deixo aqui duas passagens breves. Esta primeira, retirada dos agradecimentos. Os "agradecimentos", aquela coisa chata que vem no início dos livros... neste vem no fim... e não é chata!
"(...) Pôr em papel as palavras dos capítulos anteriores foi apenas o último estádio de um processo que se iniciou no momento em que (...) nos juntámos e decidimos que as plantas, ao contrário da jardinagem ou da ecologia, tinham sido muito menosprezadas na televisão e que chegara o momento de fazermos uma série de programas de história natural em que as plantas fossem as heroínas da acção, e não as vítimas."
E esta outra, com a qual o livro termina, e para a qual gostaria de chamar uma atenção especial. Eu cresci a compreender as coisas nestes termos, isto é, a ver as coisas do ponto de vista dos outros, não apenas dos outros seres humanos, mas de todos os outros. E depois de compreender as coisas desse ponto de vista, é difícil passar incólume e inalterado pelo chauvinismo da espécie humana.
"As plantas, muito simples ou altamente complexas, colonizaram quase toda a superfície do nosso planeta, desde as neves dos pólos às luxuriantes florestas húmidas do equador. Algumas toleram circunstâncias muitíssimo severas, insuportáveis para qualquer animal. Vivem em condições de calor abrasador, em que os animais apenas podem aventurar-se por um curto período, e sobrevivem num frio extremo, que mataria os animais por congelação.
Há apenas uma situação a que não conseguem sobreviver: os assaltos violentos e resolutos da humanidade. Desenraizamo-las e cortamo-las, queimamo-las e envenenamo-las desde que surgimos no planeta como espécie. Hoje em dia fazemo-lo a uma escala sem precedentes. Destruímo-las, pondo-nos em risco. Sem elas é impossível a nossa existência ou a de qualquer animal. Chegou o momento de acarinharmos a nossa herança verde, e não de a saquearmos.
Sem ela seguramente pereceremos."
Vale a pena!...
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
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