quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

As taxas de juro...

Pois parece que neste momento as taxas de juro da dívida pública portuguesa já estão acima dos 7,6% para prazos de 10 anos. Mas porque é que as taxas de juro são tão elevadas?... Bom, para nos informarmos como deve ser devemos, como deve ser, ler jornais. Todos os jornais são bons, os de negócios são ainda melhores. Neles aprendemos por exemplo que:

"Mas, afinal, o que é que está a impulsionar os juros nacionais? A resposta é o Banco Central Europeu (BCE) e as dúvidas sobre o consenso europeu em torno do alargamento do fundo de resgate da zona euro."

"Para Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI, o aumento da pressão sobre a dívida nacional "traz a ameaça de o Estado não conseguir financiar-se e, por isso, ter de recorrer ao FMI""

"A intensificação das pressões nos mercados financeiros surge num dia em que os dados sobre a evolução da receita fiscal em Janeiro deveriam, à partida, ter fornecido algum sossego aos investidores sobre a capacidade de o Governo conseguir cumprir a meta de reduzir o défice orçamental para 4,6% do PIB até ao fim deste ano."

Etc., etc., etc., etc.... as mesmas tretas do costume.

Ora vejamos. Uma instituição financeira qualquer considera adquirir títulos da dívida pública portuguesa. Constata que a taxa de juro interbancária é de qualquer coisa como 1%. Sabe que o spread interbancário é de qualquer coisa como... sei lá... 2%. Sabe, portanto que se emprestar a qualquer taxa acima de 3% estará a fazer dinheiro. Sabe também que existe um risco associado ao empréstimo e que tem a ver com a possibilidade de o devedor não devolver o dinheiro atempadamente. Sabe que o risco de uma pessoa não devolver o dinheiro é maior do que o risco de uma empresa não o fazer; que o risco de uma empresa não pagar é maior que o risco de uma instituição financeira não pagar; que o risco dessa instituição não pagar é maior que o risco de um Estado não pagar. Sabe, portanto, que o risco associado a empréstimos ao Estado português é muito baixo.

Mas a instituição financeira não existe para ajudar quem quer que seja, existe apenas para fazer dinheiro. Quem diria?... E portanto, sabendo que outras instituições financeiras são igualmente mercenárias e se recusam a emprestar antes de garantir um chorudo retorno, esta instituição financeira faz exactamente a mesma coisa. Podia emprestar a 3% e "ficar em casa", mas empresta a 7,6% e isso talvez dê uma promoçãozita qualquer lá na hierarquia e mais um iatezito qualquer lá nos accionistas.

Assim funciona. E o nosso presidente da república explica: os mercados são soberanos...

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