segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A pergunta que se impõe...


No centro Mário Dionísio (cada da Achada, Mouraria, Lisboa), num debate acerca das revoltas que se vão passando pelo mundo e pelo nosso mundo, a questão que lancei:

O sistema em que vivemos (entenda-se por isto o que se quiser) foi capaz de produzir coisas boas e más. Todos nós somos capazes de enumerar coisas boas e más produzidas por este sistema. As pessoas, a maioria das pessoas com quem eu lido no dia-a-dia, não possuem um pensamento sistemático que lhes permita compreender o sistema em que vivem em toda a sua profundidade. Ao mesmo tempo as pessoas sentem que têm direito às coisas boas que o sistema produz, que os outros têm e que lhes são prometidas todos os dias e de todos os modos: computadores, telemóveis, automóveis, casas, corpos bonitos, férias no outro lado do mundo, etc. No entanto, a insatisfação crescente que sinto nas pessoas à minha volta resulta da sua frustração quanto a estas expectativas. Muitas delas sentem que não conseguem atingir os seus objectivos, por muito que se esforcem, por muito que trabalhem, e muitas nem trabalho conseguem.

Neste contexto, o que é que se pode esperar das manifestações e desta revolta toda que as pessoas sentem. Em que é que isto tudo vai dar, se as pessoas não compreendem o sistema em que vivem e não são capazes de propor uma alternativa, e se ao mesmo tempo não estão dispostas a deixar de ter as coisas boas que este sistema produz, mas que produz à sua custa?

As duas respostas que obtive foram:
  • não sei;
  • isto não vai dar em nada, é algo que se esgotará em si mesmo.
E para não deixar esta entrada numa narrativa tão aberta assim, eu acrescento que também sinto que isto não vai dar em nada. Isto só dará alguma coisa quando as pessoas se dedicarem um pouco mais, quando se sentirem um pouco mais responsáveis pelo que acontece no seu mundo, coisa que está longe de acontecer. Até lá, por muitas voltas que dermos, estaremos sempre em novas versões do mesmo.

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