No centro Mário Dionísio (cada da Achada, Mouraria, Lisboa), num debate acerca das revoltas que se vão passando pelo mundo e pelo nosso mundo, a questão que lancei:
O sistema em que vivemos (entenda-se por isto o que se quiser) foi capaz de produzir coisas boas e más. Todos nós somos capazes de enumerar coisas boas e más produzidas por este sistema. As pessoas, a maioria das pessoas com quem eu lido no dia-a-dia, não possuem um pensamento sistemático que lhes permita compreender o sistema em que vivem em toda a sua profundidade. Ao mesmo tempo as pessoas sentem que têm direito às coisas boas que o sistema produz, que os outros têm e que lhes são prometidas todos os dias e de todos os modos: computadores, telemóveis, automóveis, casas, corpos bonitos, férias no outro lado do mundo, etc. No entanto, a insatisfação crescente que sinto nas pessoas à minha volta resulta da sua frustração quanto a estas expectativas. Muitas delas sentem que não conseguem atingir os seus objectivos, por muito que se esforcem, por muito que trabalhem, e muitas nem trabalho conseguem.
Neste contexto, o que é que se pode esperar das manifestações e desta revolta toda que as pessoas sentem. Em que é que isto tudo vai dar, se as pessoas não compreendem o sistema em que vivem e não são capazes de propor uma alternativa, e se ao mesmo tempo não estão dispostas a deixar de ter as coisas boas que este sistema produz, mas que produz à sua custa?
As duas respostas que obtive foram:
- não sei;
- isto não vai dar em nada, é algo que se esgotará em si mesmo.
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