Se não nos conduzir ao comprimido vermelho, pelo menos faz-nos pensar...
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
A verdade é um veneno...
Não fui eu que o disse, mas agora também o digo. Foi o Pedro Rosa Mendes, que aparecia regularmente na Antena 1 e agora vai deixar de o fazer. A rubrica "Este Tempo" que era emitida nas manhãs de segunda a sexta-feira na Antena 1 foi extinta. As duas vozes menos alinhadas deste espaço, Pedro Rosa Mendes e Raquel Freire, falam de silenciamento.
Silêncio que se vai viver o fado!
A verdade é um veneno... porque mata.
E quanto às pessoas que fazem todos os dias com que estas coisas sejam assim... diz Pedro Rosa Mendes: "Tenho para mim que as escolhas limite se fazem todos os dias, no nosso quotidiano, e duvido muito que quem vive de espinha dobrada em tempo de paz, em tempo feliz como é – já nos esquecemos – o tempo democrático, seja capaz de endireitar a espinha em tempos difíceis".
E portanto cá vamos andando, caladinhos a tentar manter o emprego. Isto diz ele. Eu digo que é pior. Porque afinal quem tem a espinha dobrada não anda só calado, mas a tentar ser como eles, os outros que têm o poder. Culpas, cada um fica com a sua. E para não ficarmos como o outro que diz que a culpa é de todos, logo não é de ninguém, a culpa não é de todos. É de muitos. E nós sabemos de quem é. Não sabemos?
A última participação de Pedro Rosa Mendes. Vale a pena ouvir até ao fim.
Silêncio que se vai viver o fado!
A verdade é um veneno... porque mata.
E quanto às pessoas que fazem todos os dias com que estas coisas sejam assim... diz Pedro Rosa Mendes: "Tenho para mim que as escolhas limite se fazem todos os dias, no nosso quotidiano, e duvido muito que quem vive de espinha dobrada em tempo de paz, em tempo feliz como é – já nos esquecemos – o tempo democrático, seja capaz de endireitar a espinha em tempos difíceis".
E portanto cá vamos andando, caladinhos a tentar manter o emprego. Isto diz ele. Eu digo que é pior. Porque afinal quem tem a espinha dobrada não anda só calado, mas a tentar ser como eles, os outros que têm o poder. Culpas, cada um fica com a sua. E para não ficarmos como o outro que diz que a culpa é de todos, logo não é de ninguém, a culpa não é de todos. É de muitos. E nós sabemos de quem é. Não sabemos?
A última participação de Pedro Rosa Mendes. Vale a pena ouvir até ao fim.
Brecht - 4
Um poema de que tive conhecimento numa Festa do Avante de há poucos anos e que me acertou em cheio. Isto de se ser carrancudo tem que se lhe diga. E ainda muito mais tem a atitude das pessoas que, perante a carranca, dizem "deixa lá isso" ou "é tão fácil ser feliz" ou sentem náusea ou simplesmente a evitam.
(foto tirada sem licença daqui)
Maus tempos para o lirismo
Bem o sei: só o homem feliz
é amado. Dá gosto ouvir
a sua voz. E o seu rosto é belo.
A árvore estiolada do pátio
Denuncia a terra má mas
Os que passam só o aborto vêem
- E têm razão.
As verdes barcas e as belas velas dos estreitos
Não as vejo - vejo apenas
A rota rede dos que pescam.
Por que será que só falo
Da já caquética (!) quarentona desta casa?
Os seios das raparigas
Têm o calor de sempre.
Uma rima no meu poema
Seria quase uma insolência.
Dentro de mim se enfrentam
A exaltação da beleza da macieira em flor
E a náusea dos discursos do pintor.*
Mas só a náusea
Me faz escrever.
* O texto alemão nesta e noutras passagens diz "pintor" com ironia, isto é, "pintor de paredes". Como se sabe, antes até de se dedicar a outras artes, e aí com o sucesso que conhecemos, Hitler quis fazer carreira na pintura. (Nota do Tradutor)
Tradução de Arnaldo Saraiva
Para uma tradução alternativa ver por exemplo aqui.
(foto tirada sem licença daqui)
Maus tempos para o lirismo
Bem o sei: só o homem feliz
é amado. Dá gosto ouvir
a sua voz. E o seu rosto é belo.
A árvore estiolada do pátio
Denuncia a terra má mas
Os que passam só o aborto vêem
- E têm razão.
As verdes barcas e as belas velas dos estreitos
Não as vejo - vejo apenas
A rota rede dos que pescam.
Por que será que só falo
Da já caquética (!) quarentona desta casa?
Os seios das raparigas
Têm o calor de sempre.
Uma rima no meu poema
Seria quase uma insolência.
Dentro de mim se enfrentam
A exaltação da beleza da macieira em flor
E a náusea dos discursos do pintor.*
Mas só a náusea
Me faz escrever.
* O texto alemão nesta e noutras passagens diz "pintor" com ironia, isto é, "pintor de paredes". Como se sabe, antes até de se dedicar a outras artes, e aí com o sucesso que conhecemos, Hitler quis fazer carreira na pintura. (Nota do Tradutor)
Tradução de Arnaldo Saraiva
Para uma tradução alternativa ver por exemplo aqui.
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