Poema de Alexandre O'Neill, escrito noutro contexto. Hoje tudo é mais difuso. E o medo, mais difuso, dá também lugar à indiferença e à modorra. "A vida sem viver é mais segura". "Já vivemos tão juntos e tão sós que da vida perdemos o sentido". Gostava eu de poder condensar assim em poucas palavras críticas tão significantes e certeiras.
A música do José Mário Branco o que faz é transmitir de forma audível a mesma mensagem. É pesada. Transmite uma monotonia de uma vida feita de infinitos passos sempre iguais, uma desgraça peganhenta de onde queremos sair e não conseguimos. Na minha definição, o bom artista é o que consegue transmitir ao público a quem se dirige as sensações que pretende. Obrigado Zé Mário, como tu uma vez disseste "obrigado Sophia".
Perfilados de medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.
Aventureiros já sem aventura,
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.
Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.
Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido…
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido…
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