sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Primeiro agir, depois... depois logo se verá!...


Lisboa é uma cidade que possui todo o tipo de gente. Entre ela, há um grupo de iluminados. Designo-os assim, com um pouco de ironia, porque por um lado têm a tendência para possuírem soluções pouco fundamentadas para os seus problemas e para os problemas dos outros, e porque por outro lado costuma acontecer de serem efectivamente iluminados não pela razão, mas pelo foco da atenção de terceiros. É assim como nuvens de insectos luminosos a esvoaçar à volta de luzes moribundas.

Os iluminados lisboetas acreditam acerrimamente nas manifestações, nos panfletos, nas palavras de ordem e numa série de outras coisas. Seja qual for a sua crença, mesmo que pouco fundamentada, ela costuma ser acérrima.

Pois eu já dei para o peditório dos panfletos, das palavras de ordem, das manifestações e das crenças acérrimas. O mundo precisa muito menos disso tudo do que de pessoas que pensem bem e pensem com fundamento, o que exige conhecimento. Os iluminados lisboetas julgam-se os supra-sumos do pensamento e do conhecimento, mas não passam de carapaus de corrida. Ao contrário de muitas outras pessoas, falta-lhes a humildade para reconhecer que muitas vezes não sabem pensar e muitas vezes não conhecem. Aliás, em muitos casos e em muitos aspectos são do mais inculto que há.

Mas eles têm dificuldade em ver-se ao espelho. Vivem de ego inchado e vivem do ego inchado. Vivem tão juntos e tão sós que para eles o ego grande é quase tudo. Precisam de ter razão, e precisam da luz da atenção dos outros. E por vezes nem reparam que os outros são eles próprios.

Lutam imenso dentro de um círculo fechado. Sentem-se responsáveis por tudo, comandantes da sociedade dos iluminados e de todos os pacóvios periféricos, e fazem jornais e livros e revistas e blogues e películas e plataformas e folhetos e debates e também panfletos e manifestações para falaram de si a si mesmos.

Pois a minha luta não é essa. Trazer gente às ruas sem preocupação pelas suas lacunas lógicas e cognitivas é pouco frutífero. Um milhão de pessoas mobilizadas de forma errada equivale, na visão curta dos iluminados lisboetas, a um milhão de pessoas mobilizadas. E claramente, segundo a sua lógica, fazer alguma coisa é sempre melhor do que não fazer nada. E pensar e conhecer é para eles muito próximo de quase nada.

A minha luta é pelo conhecimento e pela razão, pela compreensão que deve anteceder a acção. Pela compreensão das causas e das consequências profundas. A minha luta não se faz dentro do círculo fechado das luzes moribundas que se tentam iluminar umas às outras. Faz-se no mundo que está lá fora. A minha luta é junto dos outros que estão a leste disto tudo. E sobretudo, um grande sobretudo, junto dos que querem saber mais e querem pensar melhor, entre os quais me incluo.







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