terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Stealing Africa - Um documentário para abrir os olhos...

Ninguém enriquece à custa do seu trabalho. Só há uma forma de enriquecer: roubando.

O que é roubar? Roubar não é apenas tirar a carteira a outro recorrendo a violência física. Roubamos sempre que nos apropriamos indevidamente de algo que qualquer sentido de justiça diria ser pertença de outros ou de todos. Cá dentro, todos sabemos bem o que é roubar. Roubar é fazer bons negócios.

Sempre que fazemos um bom negócio apropriamo-nos indevidamente de algo que o nosso sentido de justiça mais primário nos diz ser pertença de outros. Nesse momento regozijamos e sentimo-nos superiores por sermos tão espertos. E ser esperto é sempre o mais importante, muito mais importante do que a maçada de ser um grande filho da p...

Na história antiga, vingavam e idolatravam-se os sanguinários. Na história recente, vingam e idolatram-se os que fazem bons negócios.

Na Suíça fazem-se muitos bons negócios. Mas há mais países ricos para além da Suíça. Todos queríamos ser ricos como eles, não é?... Como a Noruega, por exemplo. A Noruega... sempre muito limpinha, não é?... Mesmo fazendo dinheiro com o petróleo... Mas esperem até ao final do documentário e já verão. É mesmo no final. Uma simples frase.

Só uma pergunta inocente: quantos aparelhos com cobre você possui? Eu ajudo: conte esquentadores, caldeiras, computadores, telemóveis, varinhas mágicas, televisores, enfim, tudo o que é electrónico e ainda mais.

E sim, isso torna-nos cúmplices. Tal como possuir papagaios em casa nos torna cúmplices do seu desaparecimento nas florestas equatoriais.



É um bom documentário para ajudar a abrir os olhos, mas há muito mais para além dele. Na verdade, neste documentário assistimos às preocupações do vice-presidente da Zâmbia com o desemprego naquele país. E ele não sabe como criar mais empregos. Pois. Tudo isso faz sentido no âmbito de um sistema económico capitalista.

Um sistema económico com uma participação mais forte do Estado não teria tanta dificuldade em criar empregos. Seria o próprio Estado a criá-los. E, no entanto, seria muito provavelmente ainda um sistema capitalista.

A questão não é a da criação de emprego. A questão não é a da distribuição do trabalho. A questão é a da distribuição do fruto do trabalho. E isso são coisas distintas.

De resto, o documentário dá-nos a entender que tudo estaria bem se a Zâmbia ficasse com uma parte maior do rendimento que resulta da exploração dos seus recursos. No entanto, a questão que devemos colocar não é essa, mas sim como conseguir um elevado nível de bem estar para todos no planeta com um consumo menor de recursos. E quando digo menor, digo preferencialmente inexistente.

Abrir os olhos não é simples...

A certa altura diz-se assim: "we in the western countries have created the mechanisms by which this money flows and it flows into our own coffers".

Haverá aqui alguma relação com o que se passa actualmente em Portugal?...

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