sábado, 28 de fevereiro de 2015
Fernando Alvim...
Deixou-nos ontem. Conheci a sua música há muito tempo, através do LP "dedicatória". Por exemplo, este "improviso tropical".
Muitos anos depois, editou finalmente um disco, duplo, com músicas suas. "Os fados e as canções do Alvim", simplesmente (também a Celina lá deu uma mãozinha). Ele que havia passado a vida a acompanhar outros músicos e cantores. A última música desse disco é precisamente o mesmo "improviso tropical".
Vi os seus olhos azuis apenas uma vez, no museu das comunicações em Lisboa. Pareceu-me uma pessoa com uma conduta impecável. Não sei se o foi. Mas eu quero imaginá-lo assim. Obrigado Alvim.
Os Fados e as Canções do Alvim from [METAFILMES] on Vimeo.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
Ilha Terceira em Fevereiro...
Fotos disponíveis aqui.
Fotos de Ponta Delgada aqui.
Foi o que consegui, dados os meios...
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Mar das ilhas
mar
erguem-se das tuas saias
rudes vulcões frementes
donde as ondas recorrentes
retalham redondas pedras
e das pedras fazem praias
mar
de onde todos os dias
surgem os sóis nascentes
que dos mais pequenos grãos
daquelas praias permanentes
fazem fogos cristalinos
luzidios reluzentes
...e no entanto são
filhos das tuas iras
sovados nas tuas mãos
e nas angústias mais pungentes
mar
que vagueias de vaga em vaga
na liberdade das tuas correntes
que com vagar o vento afaga
a retirar-te um tudo-nada
para semear verdes vertentes
tudo a ti volta
mar
que maternalmente aceitas
todos os dias sóis poentes,
nunca negas o amor
nem ao derrame exterior
dos magmas mais ardentes,
anseio a serenidade
com que nas noites quentes
beijos nas pedras vens pôr
e nestas praias te deitas
Tratamento de verrugas...
(atenção, tratamento só para malucos! só deve fazer isto se for mesmo maluco)
Verruga original.
Verruga após ser violentamente queimada com um ferro de soldar.
Uma semana depois.
Duas semanas depois.
Quatro semanas depois.
Cinco semanas depois.
Dezoito semanas depois.
sábado, 14 de fevereiro de 2015
A alegoria do frango assado (6/6)...
(capítulo1)
Capítulo 6
Fulaninho não teve alternativa. Acabou de comer e abandonou o palácio. As palavras do conselheiro deixaram-no pensativo. Afinal também havia nelas alguma verdade, pensava... E assim caminhou pelos caminhos da 'terra de sabe-se lá onde'.
Foi só quando o sol se pôs que Fulaninho caiu em si. 'Mas... eu não tenho casa! Não tenho para onde ir. Não tenho onde dormir. E o que é que vou comer?' - pensou. Pôs as mãos aos bolsos e agarrou as duas moedas que sabia que ainda tinha... Não, não podia desistir assim tão facilmente.
Passou os próximos dias a pensar e repensar na sua conversa com os conselheiros. Passou todo esse tempo a ganhar coragem para ir novamente ao palácio contar-lhes a sua versão.
Fulaninho não desistiu e conseguiu de novo uma audiência no palácio real. Veio de lá ainda a lamber os beiços do frango que comera e a pensar no que lhe haviam dito. Mas não estava satisfeito. E foi apenas uma questão de tempo até lá regressar de novo.
Os meses passaram-se. Tantas vezes foi Fulaninho ao palácio que já o porteiro o conhecia, já os conselheiros o aguardavam e ele já sentia falta do frango assado quando não o tinha. Os conselheiros compreenderam a situação de Fulaninho. E mais: viram a sua inteligência. Resolveram apoiá-lo. Deram-lhe trabalho no palácio. Marcaram com ele conversas semanais. Pouco depois atribuíram-lhe uma cela.
O tempo passou. E em Fulaninho as sensações de frio e de fome eram agora nada mais do que memórias cada vez mais longínquas e às quais ele não queria regressar. Fulaninho compreendia agora melhor do que nunca o valor dos sapatos, dos copos, dos pratos, dos garfos (uma invenção recente), das carruagens, das moedas. Aos poucos compreendeu o verdadeiro significado do IB. Afinal o IB era um indicador da 'verdadeira economia' (termo também recentemente inventado pelo CEES), daquilo que realmente interessava na vida. A 'verdadeira economia' não estava errada. Quem estava errado era quem dela não fazia parte. O que Fulaninho agora não compreendia era como as pessoas insistiam em não fazer parte da 'verdadeira economia' apesar de tantas e tantas vezes o seu rei lhes estender a mão através das suas medidas.
A inteligência de Fulaninho abriu caminhos novos na corte do rei. Dez anos depois Fulaninho era dos conselheiros mais respeitados. Nessa tarde a reunião era sobre a agora denominada 'economia paralela' (que, segundo o CEES, se opunha à 'verdadeira economia'). Fulaninho fez furor entre os seus colegas defendendo que não se podem manter as regalias 'àqueles que não querem trabalhar'. Com base no seu raciocínio Fulaninho avançou a sua proposta: os inquilinos dos senhores feudais que não apresentem ao longo do ano sinais evidentes de 'produtividade' (uma coisa nova) ficarão sujeitos à expulsão da 'terra de sabe-se lá onde'. A sua proposta foi aprovada por unanimidade.
Fulaninho comeu frango assado e bebeu vinho com os seus colegas. Já o sol se punha quando regressou à cela satisfeito com a sua jornada. O céu estava vermelho para o poente... Não muito longe dali, a mãe de Fulaninho, rugas na testa, mãos calejadas, lenço na cabeça, frio nos pés, seca, velha, cansada, pôde finalmente largar a sua enxada e regressar a casa. Desde que o marido tinha morrido era apenas ela que trabalhava a terra. Já não havia tanto para fazer em casa...
(fim)
(A versão original continha um corolário, mas sinceramente penso que a história não necessita dele. Cada um dá importância ao que quer.)
Capítulo 6
Fulaninho não teve alternativa. Acabou de comer e abandonou o palácio. As palavras do conselheiro deixaram-no pensativo. Afinal também havia nelas alguma verdade, pensava... E assim caminhou pelos caminhos da 'terra de sabe-se lá onde'.
Foi só quando o sol se pôs que Fulaninho caiu em si. 'Mas... eu não tenho casa! Não tenho para onde ir. Não tenho onde dormir. E o que é que vou comer?' - pensou. Pôs as mãos aos bolsos e agarrou as duas moedas que sabia que ainda tinha... Não, não podia desistir assim tão facilmente.
Passou os próximos dias a pensar e repensar na sua conversa com os conselheiros. Passou todo esse tempo a ganhar coragem para ir novamente ao palácio contar-lhes a sua versão.
Fulaninho não desistiu e conseguiu de novo uma audiência no palácio real. Veio de lá ainda a lamber os beiços do frango que comera e a pensar no que lhe haviam dito. Mas não estava satisfeito. E foi apenas uma questão de tempo até lá regressar de novo.
Os meses passaram-se. Tantas vezes foi Fulaninho ao palácio que já o porteiro o conhecia, já os conselheiros o aguardavam e ele já sentia falta do frango assado quando não o tinha. Os conselheiros compreenderam a situação de Fulaninho. E mais: viram a sua inteligência. Resolveram apoiá-lo. Deram-lhe trabalho no palácio. Marcaram com ele conversas semanais. Pouco depois atribuíram-lhe uma cela.
O tempo passou. E em Fulaninho as sensações de frio e de fome eram agora nada mais do que memórias cada vez mais longínquas e às quais ele não queria regressar. Fulaninho compreendia agora melhor do que nunca o valor dos sapatos, dos copos, dos pratos, dos garfos (uma invenção recente), das carruagens, das moedas. Aos poucos compreendeu o verdadeiro significado do IB. Afinal o IB era um indicador da 'verdadeira economia' (termo também recentemente inventado pelo CEES), daquilo que realmente interessava na vida. A 'verdadeira economia' não estava errada. Quem estava errado era quem dela não fazia parte. O que Fulaninho agora não compreendia era como as pessoas insistiam em não fazer parte da 'verdadeira economia' apesar de tantas e tantas vezes o seu rei lhes estender a mão através das suas medidas.
A inteligência de Fulaninho abriu caminhos novos na corte do rei. Dez anos depois Fulaninho era dos conselheiros mais respeitados. Nessa tarde a reunião era sobre a agora denominada 'economia paralela' (que, segundo o CEES, se opunha à 'verdadeira economia'). Fulaninho fez furor entre os seus colegas defendendo que não se podem manter as regalias 'àqueles que não querem trabalhar'. Com base no seu raciocínio Fulaninho avançou a sua proposta: os inquilinos dos senhores feudais que não apresentem ao longo do ano sinais evidentes de 'produtividade' (uma coisa nova) ficarão sujeitos à expulsão da 'terra de sabe-se lá onde'. A sua proposta foi aprovada por unanimidade.
Fulaninho comeu frango assado e bebeu vinho com os seus colegas. Já o sol se punha quando regressou à cela satisfeito com a sua jornada. O céu estava vermelho para o poente... Não muito longe dali, a mãe de Fulaninho, rugas na testa, mãos calejadas, lenço na cabeça, frio nos pés, seca, velha, cansada, pôde finalmente largar a sua enxada e regressar a casa. Desde que o marido tinha morrido era apenas ela que trabalhava a terra. Já não havia tanto para fazer em casa...
(fim)
(A versão original continha um corolário, mas sinceramente penso que a história não necessita dele. Cada um dá importância ao que quer.)
terça-feira, 3 de fevereiro de 2015
A alegoria do frango assado (5/6)...
(capítulo 1)
Capítulo 5
Na corte todos sabiam que descer os impostos fazia subir o IB. E todos sabiam que isso significava que o povo da 'terra de sabe-se lá onde' viveria melhor. Mas Fulaninho via coisas diversas. Via que quem pagava os impostos eram apenas os que podiam pagar. Pessoas como os seus pais nem dinheiro tinham com que pagar o que quer que fosse. Baixar os impostos só fazia com que os que viviam bem passassem a viver ainda melhor. E consequentemente comessem mais frangos assados. E o IB subia, pois claro...
Na corte também sabiam que quanto maior fosse o número de diligências produzidas num ano, mais o IB subiria. O que Fulaninho sabia é que não era o IB que fazia subir o número de diligências nem o inverso. Ambos subiam quando as famílias mais abastadas conquistavam mais alguns privilégios.
E tudo isto Fulaninho via simplesmente porque um dia resolveu dizer não àquela vida ordeira na aldeia de seus pais e viajara de encontro às coisas e às pessoas e às situações e aos problemas. O rei, aquele rei complacente que queria melhorar a vida do seu povo, nem sequer o seu povo conhecia. E apesar de todos os índices, continuava a desconhecer as suas condições de vida. Para ele o tal 'povo' era simplesmente uma amálgama de muitas pessoas que viviam todas mais ou menos bem, que reagiam em uníssono às suas medidas e que ficavam muito felizes e muito agradecidos por elas.
'-O povo vai nu!' - gritou Fulaninho quando percebeu a profundidade do seu próprio pensamento. '-O povo vai nu e ninguém vê!...'
Fulaninho sentiu que sabia mais que todos. Sabia o que os outros não sabiam. Tinha de os avisar. Decidiu que iria expor o caso ao rei. Lavou as suas roupas no rio, tomou banho, pôs azeite no cabelo, e dirigiu-se confiante para o palácio real. À porta explicou que tinha um assunto muito importante a expor ao rei, mas que só a ele o poderia revelar. Quando o porteiro estava pronto a bater a porta no seu nariz, Fulaninho acrescentou apressadamente 'tem a ver com o IB'. A porta abriu-se um pouco e o porteiro disse 'com o IB?... vou ver se o podem receber'.
Fulaninho foi recebido por três conselheiros do rei em pleno repasto. Podia cheirar-se o frango assado com que se lambuzavam.
'-Senta-te. Come. Ao que vens?' - perguntaram a Fulaninho que não resistiu ao convite. E enquanto mastigava o delicioso frango, Fulaninho ia explicando como o IB de nada servia...
'Como? Que dizes? Ousas vir até aqui desrespeitar o meu trabalho e o de todos os meus colegas?'
Fulaninho tentou então explicar tudo aquilo que sabia, tudo o que aqueles longos anos sem tecto lhe haviam ensinado. Mas não estava a ter sucesso. Depois de ouvir o último argumento de Fulaninho um dos conselheiros respondeu-lhe:
'-Jovem. Vieste aqui dizer-nos que o IB não interessa. No entanto, de tudo o que dizes, vejo que percebes bem a relação entre o IB e outras grandezas deste reino. Sabes que o número de sapatos está relacionado com o IB. Sabes que os bens que nos chegam das colónias estão relacionados com o IB. Sabes que o número de talheres de prata está relacionado com o IB. Sabes que os números de mestres e de nobres e de padres estão relacionados com o IB. Sabes que o número de casas senhoriais está relacionado com o IB. Sabes que o produto das colheitas do trigo está relacionado com o IB. Sabes que a gravidade das epidemias está relacionada com o IB. E muito mais pareces saber tu acerca das relações de todas estas coisas com o IB. E apesar disso ousas repetir que o IB não interessa? Como não interessa? Se o IB não interessa, o que é que interessa? O que mais pode interessar do que o vinho que se produz, do que as roupas que se fazem, do que as casas que se constróem? A vida é isto. E o IB traduz isto. Agora acaba de comer esse frango, volta para tua casa, reflecte sobre isto e descansa. Pareces agitado, jovem...'
(continua)
Capítulo 5
Na corte todos sabiam que descer os impostos fazia subir o IB. E todos sabiam que isso significava que o povo da 'terra de sabe-se lá onde' viveria melhor. Mas Fulaninho via coisas diversas. Via que quem pagava os impostos eram apenas os que podiam pagar. Pessoas como os seus pais nem dinheiro tinham com que pagar o que quer que fosse. Baixar os impostos só fazia com que os que viviam bem passassem a viver ainda melhor. E consequentemente comessem mais frangos assados. E o IB subia, pois claro...
Na corte também sabiam que quanto maior fosse o número de diligências produzidas num ano, mais o IB subiria. O que Fulaninho sabia é que não era o IB que fazia subir o número de diligências nem o inverso. Ambos subiam quando as famílias mais abastadas conquistavam mais alguns privilégios.
E tudo isto Fulaninho via simplesmente porque um dia resolveu dizer não àquela vida ordeira na aldeia de seus pais e viajara de encontro às coisas e às pessoas e às situações e aos problemas. O rei, aquele rei complacente que queria melhorar a vida do seu povo, nem sequer o seu povo conhecia. E apesar de todos os índices, continuava a desconhecer as suas condições de vida. Para ele o tal 'povo' era simplesmente uma amálgama de muitas pessoas que viviam todas mais ou menos bem, que reagiam em uníssono às suas medidas e que ficavam muito felizes e muito agradecidos por elas.
'-O povo vai nu!' - gritou Fulaninho quando percebeu a profundidade do seu próprio pensamento. '-O povo vai nu e ninguém vê!...'
Fulaninho sentiu que sabia mais que todos. Sabia o que os outros não sabiam. Tinha de os avisar. Decidiu que iria expor o caso ao rei. Lavou as suas roupas no rio, tomou banho, pôs azeite no cabelo, e dirigiu-se confiante para o palácio real. À porta explicou que tinha um assunto muito importante a expor ao rei, mas que só a ele o poderia revelar. Quando o porteiro estava pronto a bater a porta no seu nariz, Fulaninho acrescentou apressadamente 'tem a ver com o IB'. A porta abriu-se um pouco e o porteiro disse 'com o IB?... vou ver se o podem receber'.
Fulaninho foi recebido por três conselheiros do rei em pleno repasto. Podia cheirar-se o frango assado com que se lambuzavam.
'-Senta-te. Come. Ao que vens?' - perguntaram a Fulaninho que não resistiu ao convite. E enquanto mastigava o delicioso frango, Fulaninho ia explicando como o IB de nada servia...
'Como? Que dizes? Ousas vir até aqui desrespeitar o meu trabalho e o de todos os meus colegas?'
Fulaninho tentou então explicar tudo aquilo que sabia, tudo o que aqueles longos anos sem tecto lhe haviam ensinado. Mas não estava a ter sucesso. Depois de ouvir o último argumento de Fulaninho um dos conselheiros respondeu-lhe:
'-Jovem. Vieste aqui dizer-nos que o IB não interessa. No entanto, de tudo o que dizes, vejo que percebes bem a relação entre o IB e outras grandezas deste reino. Sabes que o número de sapatos está relacionado com o IB. Sabes que os bens que nos chegam das colónias estão relacionados com o IB. Sabes que o número de talheres de prata está relacionado com o IB. Sabes que os números de mestres e de nobres e de padres estão relacionados com o IB. Sabes que o número de casas senhoriais está relacionado com o IB. Sabes que o produto das colheitas do trigo está relacionado com o IB. Sabes que a gravidade das epidemias está relacionada com o IB. E muito mais pareces saber tu acerca das relações de todas estas coisas com o IB. E apesar disso ousas repetir que o IB não interessa? Como não interessa? Se o IB não interessa, o que é que interessa? O que mais pode interessar do que o vinho que se produz, do que as roupas que se fazem, do que as casas que se constróem? A vida é isto. E o IB traduz isto. Agora acaba de comer esse frango, volta para tua casa, reflecte sobre isto e descansa. Pareces agitado, jovem...'
(continua)
domingo, 1 de fevereiro de 2015
Ó Brigada!...
("crowdfunding")
A Brigada Víctor Jara comemora este ano 40 anos de existência. Eu comemoraria 41, não fosse o facto de gostar cada vez menos de contabilizar as voltas que cada pessoa dá ao sol... Tal como na história do Papalagui... mas isso são outras histórias.
Um dos discos de vinil que os meus pais tinham lá por casa era o "Tamborileiro", da Brigada Víctor Jara, publicado em 1979. Tantas e tantas vezes ouvi aquele disco... E com ele aprendi sem o saber, apreendi, interiorizei, melodias, instrumentos, ritmos, cantares que não eram os mesmos que usualmente se podiam ouvir na rádio. Eu adorava aquilo. E ainda adoro!... Mas só muito mais tarde é que percebi que afinal as coisas que eu tinha interiorizado eram a maneira de as pessoas que moram neste pedaço de mundo a que se chama Portugal fazerem música. Eram "as maneiras", aliás, porque eram muitas e diferentes entre si, ao contrário daquilo que a tendência "ocidentalizante" que leva tudo à sua frente nos quer fazer acreditar.
Muito aprendi e cresci com a música que deles me chegou. Deixo-vos aqui um exemplo, precisamente do Tamborileiro:
"Se quereis alguma coisa, rema que rema, lá em terra falaremos...", porque as contas nunca se acertam quando a vida está em risco e não há espaço para fugas... :)
E por isso mesmo só tenho que lhes agradecer. Não lhes agradeço o seu gosto pela música, nem o facto de a fazerem. Agradeço-lhes sempre que o partilham com os outros.
Agradeço sempre as partilhas...
A Brigada adoptou o nome de Víctor Jara. Víctor Jara era uma pessoa que nasceu num sítio deste planeta a que se dá o nome de Chile. E porque defendia abertamente ideias de esquerda, foi morto pelos de direita. A 11 de Setembro de 1973 o comandante do exército chileno, Augusto Pinochet, liderou um golpe de estado que teve o apoio dos EUA e que o viria a sagrar ditador daquela parcela do planeta Terra até 1990. Imediatamente no dia seguinte o exército de Pinochet fez milhares de prisioneiros, entre os quais Víctor Jara, que acabou por ser morto três dias depois, a 15 de Setembro, aos 40 anos de idade... precisamente.
Víctor Jara morreu aos 40 anos de idade, assassinado, o seu corpo deitado aos bichos, porque defendia o direito de viver em paz. Augusto Pinochet morreu aos 91 anos de idade, de edema pulmonar, no hospital e rodeado pela sua família, porque matou muitos milhares de pessoas.
Você não é nada,
nem chicha nem limonada,
se passa a vida a manusear
a sua dignidade...
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