Apeteceu-me dizer "doente de gente". Mas a gente não é apenas uma doença, é também uma razão de viver.
Apeteceu-me dizer "doente de civilização". Mas a civilização não é apenas uma doença. Também é música.
Sei lá de que estou doente eu... Estou cansado do ódio, estou cansado da ignorância, estou cansado do medo, estou cansado da pequenez...
Estou cansado dos discursos contra... Estou cansado dos discursos contra os cabrões que se aproveitam do ódio, da ignorância, do medo, da pequenez, para proveito próprio... quando cabrões assim sempre houve, e o que era preciso era sabermos viver nós, por nós, sem os cabrões, sem lhes estar sempre a discutir as cores dos cabelos, os discursos ignóbeis, as faltas de carácter, as mentiras... sem estarmos sempre à espera que os cabrões deixem de ser cabrões, porque isso não vai acontecer. Estou farto dos cabrões e farto de discursos contra os cabrões.
Falta-nos o amor. Falta-nos a esperança. Falta-nos a confiança em nós mesmos. Falta-nos a coragem.
Ou não falta?...
Talvez não falte. Talvez não saibamos apenas o que fazer.
Deixemo-nos então de dizer o que outro alguém disse e de barafustar ao vento. Estudemos. Discutamos. Tentemos!
Há uma vida para lá dos cabrões!
Há nós! Há todas as coisas boas que temos cá dentro! Aquilo que gostaríamos que fosse e não é... Façamos nós! A música, o poema, a comida, o alento, o abraço, a maçã, o telhado, o livro, a cadeira... O que é que não sabemos fazer?... Estudemos. Discutamos. Tentemos!
E tentemos talvez ser menos dependentes das drogas que nos dão: televisão, mexericos, discussões inconsequentes, viagens, tecnologias cada vez mais sofisticadas, todos os prazeres que são de comprar, todos os prazeres com que simplesmente enchemos o vazio. Há uma vida para lá disso. Estudemos. Discutamos. Tentemos!
A cagada anda aí, portanto... caso já não o soubéssemos.
Adiante. Adiante. Por outro caminho. Pelo caminho da vida. Pela vida, companheiros.
sexta-feira, 6 de setembro de 2019
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