quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A alegoria do frango assado (3/6)...


(capítulo 1)

Capítulo 3


Após os primeiros anos de construção e publicação sistemática do IB os conselheiros do rei começaram a perceber que não existia uma relação directa entre as medidas e as expectativas do rei e a evolução do indicador. Chegou mesmo a acontecer que em anos em que o rei mais apostou na subida do IB, ele desceu, e em anos em que o rei se desleixou, o IB cresceu mais do que o habitual.

Das reflexões que se seguiram acabou por ser constituído um grupo de estudo incumbido de averiguar precisamente qual a relação entre as medidas que o rei tomava e a respectiva evolução do IB. Ao fim de trinta e duas semanas de trabalho árduo o grupo chegou à sua primeira conclusão: não havia aparentemente qualquer relação entre as medidas adoptadas e a evolução do IB! No entanto, o grupo tinha descoberto algo verdadeiramente espantoso: nos anos em que chovia menos, o IB não crescia tanto, chegando mesmo a descer se desse alguma praga nos animais.

Entusiasmados com as suas novas descobertas, o grupo de estudo e os conselheiros do rei logo lhe propuseram a manutenção dos fundos de apoio às suas actividades. E assim surgiu o CEES - Centro de Estudos Económico-Sociais da 'terra do sabe-se lá onde'.

Pouco tempo depois o CEES já tinha constatado a existência de relações entre dezenas de variáveis - a pluviosidade, a taxa de imposto, o número de feriados, as rendas pagas pelas terras, a taxa de natalidade, a saúde dos animais, a emigração, os bens que chegavam das colónias, o número de escravos, o número de moedas de ouro cunhadas, o número de sapatos produzidos, etc. - e a forma como todas estas relações influenciavam as descidas e as subidas do IB.

Apoiado pelo produto dos seus mais brilhantes pensadores, o rei sentia-se cada vez mais confiante nas medidas que tomava. E tinha razões para isso: o IB crescia de uma forma cada vez mais consistente (alguns conselheiros diziam que o IB crescia 'sustentadamente'). O rei estava orgulhoso de si. Nesse ano decidiu baixar os impostos e aumentar as rendas - os estudos do CEES demonstravam sem margem para dúvidas que tais medidas fariam subir o IB.

(capítulo 4)

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